Sócio da Fort House fecha empresa e assume responsabilidade em carta aos síndicos
A Fort House, uma administradora de condomínios em São Paulo, está sendo acusada de sumir com R$ 30 milhões de uma conta conjunta usada para gerenciar 40 condomínios. O sócio administrador e diretor da empresa, João Carlos Caporicci, enviou uma carta aos síndicos anunciando o encerramento das atividades, a demissão dos funcionários e admitindo problemas. Na carta, ele assume ser o único responsável pelas movimentações financeiras e atribui o que chama de "decisões equivocadas" à depressão e uma internação por Covid-19.
Após sumiço de dinheiro, condomínios de São Paulo enfrentam crise e inquéritos policiais
O empresário alega que as dificuldades o levaram a recorrer a empréstimos com agiotas e bancos, acabando com as possibilidades de arcar com as dívidas. Após o fechamento da empresa e a constatação do sumiço do dinheiro em 19 de março, João Carlos Caporicci não foi mais encontrado pelos síndicos.
Vários condomínios afetados tiveram renúncia de síndicos e realizaram reuniões emergenciais para garantir o pagamento de contas e funcionários. Um dos condomínios teve um rombo de R$ 430 mil e o caso está sendo investigado em pelo menos 4 inquéritos policiais.
A investigação é conduzida pelo 35º Distrito Policial e no 89º Distrito Policial, ambos na zona Sul de São Paulo. O advogado do empresário afirmou que não houve sumiço de dinheiro, mas má gestão relacionada ao pagamento de juros e que o valor não chega a R$ 30 milhões. Ele também alegou que João Carlos Caporicci e familiares estão recebendo ameaças.
Além da carta, ele enviou aos clientes as contas que estavam para vencer, que não foram pagas, e pendências com o INSS. “Estou fechando a Fort House, encerrando as atividades […] Com enorme dor na alma encerro esta carta, pedindo humildemente sinceras desculpas por todo o mal que estou causando a vocês”, conclui João Carlos.
Esfera jurídica
Ao constatar o desaparecimento do dinheiro e após receber a carta, o síndico Ricardo Nascimento convocou assembleia extraordinária para informar às 64 famílias do condomínio que administra sobre o calote. Ele notificou fornecedores para que estendam das datas para o pagamento de dívidas.
A advogada Magna Silva, especializada em fraudes, está representando condomínios prejudicados pelo calote da Fort House. Ela estima que o rombo contabilizado de todos os condomínios administrados pela empresa de João Carlos Caporicci chega a cerca de R$ 30 milhões.
O escritório dela está movendo ações cíveis e irá acompanhar o caso na esfera criminal, onde já há dois inquéritos policiais instaurados. A advogada pretende arguir uma tese de desconstituição da personalidade jurídica da empresa para atacar o patrimônio dos sócios, visando o sequestro de bens para evitar transferências e vendas e garantir o ressarcimento ao condomínio. Até o momento, ela representa o condomínio de Ricardo Nascimento e negocia com outros prejudicados para também ajudá-los no caso.
Responsabilidade Administrativa
As afirmações do advogado da Fort House parecem tentar justificar a suposta inadimplência da empresa, porém, é importante ressaltar que, como administradora de condomínios, a empresa tem a responsabilidade de gerir e administrar os recursos financeiros de seus clientes de forma adequada e transparente, além de prestar contas e ser honesta em suas transações.
Se a empresa realmente perdeu o controle dos recursos financeiros de seus clientes, isso pode configurar uma falta grave e negligência na administração dos bens de terceiros. Portanto, cabe à justiça e aos órgãos competentes investigar a situação e tomar as medidas necessárias para garantir a justiça e o ressarcimento dos prejudicados.
Em nota, Sindifícios afirma tomar providências
O Sindifícios está realizando uma força-tarefa nesta sexta-feira (31.03) para atender os trabalhadores de edifícios que estão sem receber seus salários devido ao calote da administradora Fort House, que sumiu com mais de R$ 30 milhões de uma conta conjunta de 40 condomínios.
O caso veio à tona na última quarta-feira (29.03) e a polícia está investigando. O escritório da Fort House, que fica no Jabaquara, está fechado, os condomínios foram roubados e os funcionários estão sem receber salário, vale alimentação, vale refeição e não sabem quando terão a situação regularizada.
Neste momento, os assessores do SINDIFÍCIOS estão visitando os condomínios, entrando em contato com os funcionários e oferecendo todo o apoio jurídico para intervir em prol dos mesmos.
Você acompanhará os desdobramentos deste caso aqui, nas redes sociais do SINDIFÍCIOS.
Falta de ética
A conduta da Fort House em relação aos condomínios afetados demonstrou total falta de ética e responsabilidade empresarial. Ao fechar a empresa sem prévio aviso e desaparecer com o dinheiro das contas conjuntas, a Fort House deixou diversos condomínios em situação financeira complicada, afetando a vida dos moradores e funcionários.
Apesar de passar uma imagem positiva por meio da apresentação em seu site, tirado parcialmente do ar, a conduta demonstrada não condiz com os valores éticos e profissionais que a Fort House afirmava seguir desde sua fundação. Veja:
"No mercado desde 1993, com o objetivo primordial de prestar serviços competentes, a FORT HOUSE destaca-se pela sua idoneidade, transparência e competência. Todo o seu quadro de funcionários é treinado visando agilidade e integridade em todos os setores. A FORT HOUSE orgulha-se do profissionalismo atingido durante esses anos, oferecendo as melhores soluções em suas áreas de atuação."