O preço dos imóveis encerrou 2022 com a maior alta em oito anos, com um aumento de 6,16%. É o que aponta o Índice FipeZAP+, divulgado nesta quarta-feira (11). A pesquisa acompanha o comportamento dos preços de venda de imóveis residenciais em 50 cidades brasileiras, 16 delas capitais.
O resultado no preço acumulado ao longo do último ano supera a inflação de 4,79% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com Pedro Tenório, economista do DataZAP+, o preço do imóvel começou a valorizar mais rapidamente durante a pandemia, quando as pessoas passaram a repensar sobre a moradia. A crise sanitária viabilizou uma manutenção da taxa de juros em um patamar mais baixo, o que também significa uma redução da taxa de financiamento.
Mesmo assim, em 2020 e 2021, a valorização ainda perde para o IPCA. Em 2021, em particular, o FipeZAP+ fica em 5,5%, enquanto o IPCA fica em 10%, ou seja, ainda significativamente acima.
Em relação a 2022 ocorreu a inversão deste cenário, com o preço do imóvel valorizando mais que os demais itens do IPCA. Só que essa magnitude não tão representativa, com IPCA em 5,8% e o FipeZAP+, em 6,1%. “Os imóveis não aumentaram tanto, mas, os preços, de modo geral, aumentaram muito e ainda estamos nos acostumando”, informa.
Benito Salomão, mestre e doutorando em economia, explica que o aumento pode também estar relacionado a falhas no mercado imobiliário, que possui um número limitado de ofertantes e um número razoavelmente alto de consumidores, principalmente no Brasil, onde existe um déficit habitacional muito grande.
“Quando a economia retrai, quando o PIB cai ou entra em estagnação, o preço dos imóveis não cai na mesma proporção. Então, há um comportamento assimétrico com relação ao preço dos imóveis em relação ao ciclo econômico. Eles sobem mais na fase expansiva do ciclo e caem menos na na fase recessiva do ciclo”, pontua.
Impactos
Segundo Hugo Garbe, doutor em economia e professor na Universidade Mackenzie, o maior impacto do aumento do valor é sobre a população mais carente, já que com uma renda menor é mais difícil adquirir imóveis residenciais, novos ou usados. “Primeiro porque a taxa de juros está muito alta, então temos o empréstimo. Quando você faz o empréstimo para o financiamento imobiliário, você acaba pagando mais caro. E, mesmo se as famílias tiverem dinheiro para pagar à vista, acaba saindo mais caro também por conta desse incremento maior do que a inflação”, explica.
Mesmo com o aumento no preço registrado no último ano, o economista afirma que foi algo pontual e não deve se manter em 2023, em especial para venda. Isso porque a inflação continua alta e os imóveis residenciais tendem a ter uma acomodação na sua valorização a partir desse ano. Com informações de Brasil 61.