Nota-se que na área da gestão condominial está havendo certa falta de profissionalismo aos ministradores e palestrantes de cursos que abordam qualificação de síndicos, sobrepondo muitas vezes o interesse comercial ao próprio objeto do curso: conhecimento.
O mercado condominial das oportunidades, sobretudo da oportunidade de ser Síndico, despertou grande interesse em milhares de brasileiros de norte a sul do Brasil. Mas o que é preciso para tornar-se Sindico?
A primeira resposta que vem a mente é obviamente se qualificar, recebendo orientações das pessoas certas, experientes no seu ramo e na sua área de atuação. Por exemplo, advogado especializado em jurisprudência condominial, certamente desenvolve em suas aulas ou palestras esse assunto.
Seria incoerente um jurista falar sobre obras de engenharia e reforma predial. Nesse caso quem ministra aula ou palestra é um engenheiro experiente, que domina esse tema e é atuante neste setor. E assim respectivamente em todas as outras áreas do conhecimento. Caso contrário, os interessados nesses cursos e palestras correm o risco de receberem informações inapropriadas.
Sim... Mas quais as matérias que um Síndico profissional tem que estudar?
A gestão de um condomínio requer dedicação do síndico em diversas áreas profissionais devido a característica multidisciplinar desta função. Administração, Direito e Legislação, Engenharia e Manutenção Predial, Contabilidade Básica, Recursos Humanos, são algumas áreas só para se ter uma ideia. Em tese as matérias que um sindico deveria estudar são muitas, porém, na realidade existe uma enorme corrida do ouro onde o objetivo é ganhar dinheiro vendendo cursos.
Por outro lado, todas estas matérias devem ser ministradas por pessoas, preferencialmente profissionais qualificados, ou seja, que tenham em seus currículos o domínio do assunto ao qual pretendem compartilhar. No entanto, o que se vê é o oposto! Ou seja, não há critério quanto à qualificação dos próprios ministrantes dos cursos. E o que se observa é um contingente de aventureiros no mercado de "TREINAMENTO", tentando industrializar palestras e cursos para Síndicos Profissionais.
De acordo com a Lei nº. 9394/96, os cursos livres não precisam ser regulamentados por nenhum órgão de educação para funcionar. Eles se encaixam na categoria de Educação Profissional Básica.
Mas já está em vigor a lei que regulamenta a profissão de Síndico? O que dizem os conselhos profissionais sobre o assunto? As universidades e/ou entidades de ensino estão preparadas para formação de síndicos ou gestores condominiais?
Mas vamos deixar o formalismo de lado por enquanto e tecer algumas considerações sobre o lado perverso desta realidade. Constantemente presenciamos administradores, contadores, falando sobre legislação e manutenção predial, advogados falando sobre gestão e NBRs e engenheiros se aventurando na contabilidade. Isso quando não presenciamos pessoas sem nenhuma experiência se passando por especialista no assunto.
A PROFISSIONALIZAÇÃO desejada para o síndico, imposta pelo novo código civil exige como pré-requisito o domínio do assunto ao qual quer ensinar e a especialização dos pretensos palestrantes / PROFESSORES. Levando em consideração a necessidade de cada um compartilhar conhecimento exclusivamente em sua área de atuação. Sem invadir áreas que não dizem respeito a sua formação e atribuições de outros profissionais!
E para ficar bem entendido, podemos recorrer à citação do grande poeta e compositor Bezerra da Silva que disse na sua simplicidade: “Cada macaco no seu galho”.