Em todas as áreas, em quase todos os momentos de nossa vida, fazemos uso da ciência do diagnóstico. Ao verificar se nossa alimentação está correta, se realizamos ou não uma nova despesa, se nossos filhos estão aproveitando bem o currículo escolar e os nossos ensinamentos, se nossa casa está bem cuidada... Tudo precisa ser verificado e diagnosticado, para se tomar racionalmente qualquer decisão.
O diagnóstico é tão importante na Medicina que os médicos qualificados e com excelente atuação nessa área são extremamente valiosos. Não apenas eles são capazes de especificar a doença ali presente, pelos sintomas e pelo histórico do paciente examinado, como, a partir de seu diagnóstico, eles podem fazer o prognóstico, ou seja, a previsão de como a doença vai se manifestar e se desenvolver. Um diagnóstico correto possibilita um tratamento correto.
Não apenas na Medicina o diagnóstico é fundamental. Na área da Comunicação ele tem sido usado assiduamente; também o Diagnóstico Social vem se tornando uma ferramenta para a compreensão de alguma realidade, ao se classificar e organizar problemas e necessidades de um grupo humano. Vemos hoje, também, o desenvolvimento do Diagnóstico Organizacional, que identifica os problemas de uma organização, ou empresa, avaliando até mesmo o nível de satisfação dos seus colaboradores. Temos um importantíssimo procedimento no mundo contemporâneo, que é o Diagnóstico Ambiental, realizado por empresas de consultoria que verificam a qualidade do meio-ambiente, ou o impacto que uma empresa causa no meio biológico, físico e socioeconômico, alertando até mesmo para as possíveis quebras nas leis de proteção ambiental, prevendo problemas com a fiscalização ambiental, que é rígida e minuciosa, como necessário.
E temos, hoje, a Engenharia Diagnóstica atuando intensamente nos empreendimentos da construção civil. Ela age desde o planejamento de um empreendimento, apoiando as construtoras no sentido de prever a segurança e o conforto dos clientes. O engenheiro diagnóstico verifica o todo, desde o início do empreendimento, realizando a vistoria do terreno e imediações, da vizinhança e suas exigências; acompanha a fase da obra e segue até a conclusão. A Engenharia Diagnóstica é capaz de antecipar, mesmo num projeto ainda no papel, a ocorrência futura de problemas na estrutura da obra, como sensibilidade a incêndios ou rachaduras. E tem sido ponto a favor, numa época de competição crescente para os escritórios de arquitetura e engenharia.
Essa disciplina, que trata das investigações científicas de patologias prediais, ensina métodos que possibilitam obter dados para a observação, a caracterização, a análise, o laudo, a apuração da origem, a prescrição do conserto para a patologia em estudo. As origens dessa disciplina são tão antigas quanto a própria Engenharia: ela existe, ainda rudimentar, e de maneira potencial, desde quando surgiu o primeiro problema numa edificação. E, com o tempo, vem sendo cada vez mais qualificada nas suas tarefas. Há décadas funcionam, na Europa e nos Estados Unidos, escritórios de Engenharia Diagnóstica, como, por exemplo, o Institution of Diagnostic Engineers, que foi aberto há mais de trinta anos em Londres, ou a empresa norte-americana Building Diagnostic Inc.
No Brasil, os estudos dessa disciplina vêm sendo desenvolvidos principalmente na Divisão de Patologias das Construções do Instituto de Engenharia, com o apoio de inúmeros laboratórios de ensaios tecnológicos em universidades e em centros urbanos.
As metodologias tradicionais da Engenharia Diagnóstica incluem a percepção sensorial, como o olhar, a audição e o tato; a topografia e a fotografia; a ação mecânica simples, por percussão, arranchamento, penetração ou esclerometria; a ação mecânica com dispositivos elétricos ou hidráulicos, as reações químicas e eletroquímicas; a radiação eletromagnética, e os efeitos elétricos e magnéticos. Hoje, há inovações nos métodos, como a realização de testes em protótipos, ou testes e comissionamentos realizados na própria obra em processo de construção. Os resultados são apresentados por laudos técnicos obtidos nas vistorias, inspeções, auditorias, perícias e consultorias. São esses laudos que garantem a qualidade e a segurança de um processo de construção. Além disso, o engenheiro diagnóstico é qualificado para a apuração de responsabilidades pela ocorrência de alguma patologia predial.
A função administrativa está prevista no Código Civil, com a especificação dos deveres do síndico, que assim pode ter comprometimento na Justiça. Basta que seja comprovada alguma negligência ou omissão. Se ele contratar um funcionário sem os devidos cuidados, e esse contratado causar algum dano ao condomínio, quem responde é o síndico. É grande, portanto, a responsabilidade no sentido de escolher um profissional especialista na identificação das manifestações patológicas, não apenas nos edifícios recém-entregues, como nos mais antigos. Brasília e o Brasil estão repletos de edifícios antigos sem nenhuma manutenção. É preciso dar ênfase à Engenharia Diagnóstica na identificação de manifestações patológicas causadas por projetos mal elaborados, falhas construtivas ou falhas funcionais (por falta de manutenção). Essa tem sido a grande contribuição da Engenharia Diagnóstica, nos dias de hoje.
Forma-se, atualmente, uma geração de excelentes engenheiros diagnósticos, como uma especialização e aprofundamento de conhecimentos; eles são capazes de atuar em todos os níveis do empreendimento, tanto nas construções como nas restaurações. São aptos a prescrever metodologias executivas, para o futuro, aí incluídas as auditorias técnicas e a verificação das origens de problemas já ocorridos. Este é tido como um momento histórico para a Engenharia Civil.