Obras de recuperação do Conic vão começar pela garagem, fechada há 15 anos

A Terracap começou a escorar o segundo subsolo na última semana. As obras fazem parte da primeira etapa de revitalização do espaço, ocioso e cheio de problemas estruturais há mais de uma década

Ferragens expostas, infiltrações, vigas com fissuras e sistema de gás com problemas. Essas são algumas causas da interdição feita pela Defesa Civil da garagem de três prédios, pertencentes à Terracap, no Conic. Em entrevista ao Brasília de Perto desta segunda-feira (14), a prefeita do conjunto de prédios do centro comercial, Flávia Portella, contou que, após 15 anos fechado, o espaço começa a passar por obras de revitalização, iniciadas na última semana. A equipe da TV Fato teve acesso com exclusividade ao trabalho.

Como afirma Portella, no início do ano, a prefeitura e a Terracap perceberam a necessidade de intervenção e somente agora o processo saiu do papel, após várias análises e contratações. “Já está sendo escorado o segundo subsolo. A partir daí, serão feitos projetos, sondagens e laudos. As obras são fundamentais, já que a garagem ficou fechada por anos”, explica. De acordo com a prefeitura, passam pelo Conic cerca de 30 mil pessoas por dia. A garagem poderia ser, inclusive, um alívio para o estacionamento do setor. 

Mas essas não são as únicas mudanças previstas. De acordo com a prefeita, existe um plano de revitalização em andamento desde 2005, que prevê transformações na fachada, na estrutura interna, na praça Zumbi dos Palmares e, sobretudo, um resgate nas raízes do complexo, que nasceu para fomentar a cultura e a produção artística e intelectual de Brasília. Hoje o Conic é, em sua maioria, voltado para o comércio variado.

Resgate da história
Idealizado pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa, o Conic começou a ser construído em meados de 1967, por uma empresa cujo nome era “Conic”, origem do apelido que se perpetua até hoje. São dezesseis prédios, no Setor de Diversões Sul, que abrigam atualmente sindicatos, igrejas e lojas de diversos segmentos.

De acordo com Portella, até a década de 1980, o objetivo de levar artes e entretenimento foi cumprido. Todavia, com o crescimento e transformações da capital, os prédios foram ocupados por empresários e a identidade cultural foi perdendo espaço para a atividade econômica.

“O Teatro Dulcina foi um dos primeiros teatros construídos em Brasília. A Dulcina fechou os olhos no mapa de Brasília, apontou e o lugar foi aqui”Fufy Love, artista de rua

O Teatro e a faculdade Dulcina são sobreviventes dessa vocação cultural inicial. A equipe da TV Fato encontrou o artista de rua Fufy Love em uma das suas visitas ao Conic. “O Teatro Dulcina foi um dos primeiros teatros construídos em Brasília. A [atriz] Dulcina [de Moraes, fundadora do teatro e da faculdade] fechou os olhos no mapa de Brasília, apontou e o lugar foi aqui”, relembrou.

Para a prefeita, outras maneiras de criar essa sensação cultural no Conic são o estímulo às lojas voltadas ao público jovem, como malharias e de skate. A gerente de vendas de uma destas malharias, Ane Gabriela, diz que a produção é especial. “A gente tenta trazer a história estampada nas camisetas, imagens que trabalham com samba, jazz, religiosidade”, explica.

Problemas
“O que precisa hoje é vontade política”, enfatiza Portella, ao ser questionada sobre os problemas enfrentados para continuar a tocar o plano de revitalização. Dentre eles, consta a segurança e a iluminação dos arredores do Conic. Para os comerciantes, os perigos para os frequentadores se concentram no período a noite, onde há maior concentração de moradores de rua. 

“Segundo a própria polícia, o Conic é o local mais seguro de Brasília e de todo o DF. É claro que à noite essa sensação não é percebida”, concorda a Prefeita. Para ela, o Governo está omisso e afirma que, para que a Cultura volte a habitar o local, bem como as pessoas resgatem a sensação de pertencimento, é necessário que a iluminação e a segurança sejam mais efetivas. “Tudo isso para que tenhamos o Conic sonhado por Lúcio Costa: um local de bares, entretenimento, cultura, livrarias, bibliotecas, que seja de novo utilizado por toda sociedade. ”

“Estamos falando de uma área central da capital da República. Apesar de todo esse simbolismo, é uma área muito maltratada e pouco utilizada em sua abrangência” Flávia Portella, prefeita do Conic

Outra dificuldade a ser enfrentada é a ausência de verba para a manutenção. Portella diz que os síndicos dos prédios contribuem, mas o valor não é suficiente e a prefeitura sempre fica no seu limite básico. A prefeita também afirma que o GDF contribui para o cuidado do entorno do complexo, mas fica muito aquém do que é necessário. “Estamos falando de uma área central da capital da República. Apesar de todo esse simbolismo, é uma área muito maltratada e pouco utilizada em sua abrangência.” 

https://www.youtube.com/watch?v=M_OnbYoYbWM

Fonte: Fato Online

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